O Rio Jordão nasce da confluência de
diversos rios que descem o monte Hermon, no Líbano, e formam o Mar da
Galiléia, de água doce. Depois, continua a correr no sentido sul,
traçando a fronteira entre Jordânia e Israel até desaguar no Mar Morto,
sendo que parte das terras do lado ocidental de seu leito forma a
Cisjordânia, área controlada pelo governo israelense e reivindicada
pelos palestinos para criar ali o seu próprio país. É uma das regiões
mais turbulentas do Oriente Médio. Por isso, pouco visitada por
turistas. Uma pena, pois entre outros tesouros está Jericó, cidade cuja
idade está estimada em 11 mil anos.

O Vale do Rio Jordão é um dos locais de
mais antiga ocupação humana. As águas perenes, algo raro na região, são
os principais fatores que garantiram a viabilidade da agricultura e a
conseqüente formação de cidades. Foi de cima do Monte Nebo, de onde se
vê todo o vale, que Moisés teria avistado a Terra Prometida, berço da
religião judaica e, posteriormente, das religiões cristã e muçulmana.
Somente em torno do percurso do Rio
Jordão, que tem cerca de 250 km, há centenas de sítios históricos de
grande importância religiosa. Muita coisa ali ainda está para ser
descoberta. Para os cristãos, o lugar de maior importância é o trecho do
rio em que se acredita ter ocorrido o batismo de Jesus Cristo. Por
estar em uma região de fronteira, com forte presença militar, o local só
foi liberado pelo governo jordaniano para visitação a partir de 2000.
O caminho estreito que leva ao lugar do
batismo não oferece grandes surpresas. A construção mais proeminente é a
de uma igreja ortodoxa, que permanece fechada aos turistas. O rio é
estreito e barrento – lembra mais um córrego do que propriamente um rio.
Mas a visita vale pelo clima de misticismo e contemplação, pela
sensação de estar pisando em um lugar sagrado, que exala história e
inspira a imaginação. É uma experiência única, misto de singeleza e
grandiosidade espiritual que parece tomar conta da alma.
Parte da história do Vale do Rio Jordão e
da região do Mar Morto pode ser recuperada em passagens da Bíblia e
também em um mosaico construído por volta do ano 562 no chão da bela
igreja ortodoxa da cidade de Madaba, encravada nas montanhas próximas ao
Monte Nebo. É uma pena que grande parte do mosaico tenha sido
destruída, mas o que dele restou ajuda a entender quais eram os locais
religiosos de maior importância na época.
Madaba merece uma visita também por sua
relevância histórica. Fundada há cerca de 3.500 anos, é conhecida como a
cidade dos mosaicos, herança da dominação bizantina. Sofreu um
terremoto que destruiu a maioria das construções no ano de 747 e
permaneceu desabitada por cerca de 1.100 anos, até a década de 1880,
quando uma comunidade de cristãos expulsos de Karak refundou a cidade.